O que é charge?

09/09/2010 08:44

O termo charge é proveniente do francês “charger” (carregar, exagerar). Sendo fundamentalmente uma espécie de crônica humorística, a charge tem o caráter de crítica, provocando o hilário, cujo efeito é conseguido por meio do exagero. Ela se caracteriza por ser um texto visual humorístico e opinativo, que critica um personagem ou fato específico.

Segundo Rabaça e Barbosa, A charge é um tipo de cartum “cujo objetivo é a crítica humorística de um fato ou acontecimento específico, em geral de natureza política”. (Rabaça e Barbosa, 1978: 89) De acordo com os autores do Dicionário de comunicação, uma boa charge deve procurar um assunto atual e ir direto onde estão centradas a atenção e o interesse do público leitor. RABAÇA (1978).

A construção da charge é também muitas vezes baseada na remissão a outros textos, verbais ou não. O que a torna singular é o modo perspicaz com que demonstra sua capacidade de congregar, num jogo de polifonia e ambivalência, o verso e o reverso do que tematiza.

Segundo Bakhtin:

O que caracteriza a polifonia é a oposição do autor como regente do grande coro de vozes que participam do processo dialógico. Mas esse regente é dotado de um ativismo especial, rege vozes que ele cria ou recria, mas deixa que se manifestem com autonomia e revelem no homem um outro “eu para si” infinito e inacabável. Trata-se de uma “mudança radical da posição do autor em relação às pessoas representadas, que de pessoas coisificadas se transformam em individualidades.

A polifonia se define pela convivência e pela interação, em um mesmo espaço do romance, de uma multiplicidade de vozes e consciências independentes e imiscíveis, vozes plenivalentes e consciências equipolentes, todas representantes de um determinado universo e marcadas pelas peculiaridades desse universo. Essas vozes e consciências não são objetos do discurso do autor, são sujeitos de seus próprios discursos. A consciência da personagem é a consciência do outro, não se objetifica, não se torna objeto da consciência do autor, não se fecha, está sempre aberta à interação com a minha e com outras consciências e só nessa interação revela e mantém sua individualidade. Essas vozes possuem independência excepcional na estrutura da obra, é como se soassem ao lado da palavra do autor, combinando-se com ela e com as vozes de outras personagens. (Bakhtin; 194 e 195)

Dessa maneira, o chargista – por meio do desenho e da língua – utiliza o humor para buscar o que está por trás dos fatos e personagens de que se trata. Ele afirma e nega ao mesmo tempo, obrigando o leitor a refletir sobre fatos e personagens do mundo atual, a interagir com uma intertextualidade.

Em relação à intertextualidade:

...a intertextualidade diz respeito aos modos como a produção e recepção de um texto dependem do conhecimento que se tenha de outros textos com os quais ele, de alguma forma, se relaciona. (KOCH, 2000).

As atividades do leitor e do escritor se intercambiam e o objeto texto, que resulta do tecido de significados tramado por ambos, se apresenta como um espaço em movimento, um móbile sempre aberto a diferentes configurações. Todo texto é, assim, um espaço de confluência de múltiplas vozes. (CAMPOS, 1997)

A charge é um tipo de texto atraente aos olhos do leitor; afinal, enquanto a imagem é de rápida leitura, transmitindo múltiplas informações de uma só vez. No entanto, o leitor do texto chárgico tem que estar bem informado acerca do tema abordado, para que possa compreender e captar seu teor crítico. Afinal, ali está focalizada e sintetizada uma certa realidade. E somente os que conhecem essa realidade efetivamente entendem a charge.


 

A charge relata um fato ocorrido em uma época definida, dentro de um determinado contexto cultural, econômico e social específico e que depende do conhecimento desses fatores para ser entendida. Fora desse contexto ela provavelmente perderá sua força comunicativa, portanto é perecível. Justamente por conta desta característica, a charge tem um papel importantíssimo como registro histórico. (fabricarica, 2005)

Fernando Moretti diz que:

As charges são temporais e a gente só pode vender naquele momento preciso. (Moretti, 2004).

Segundo Ernani Diniz Lucas em entrevista para Memória da imprensa carioca:

...a charge tem mais afinidade com os temas políticos e podem ter um sentido mais partidário, pode-se pinçar um ângulo diferente entre os partidos, entre os políticos que estão ligados ao poder ou à oposição. (Diniz, 2002)

Também é importante verificar que a charge serve de estímulo à leitura de outros textos contidos nos jornais e revistas em que aparece;ou seja, possibilita atividades mais dinâmicas, interessantes, desenvolvendo ainda o interesse do aluno pela leitura e pela busca de novas informações. Além disso, ela tem muitas vezes o objetivo de convencer, influenciar – de acordo com uma determinada ideologia – o imaginário do interlocutor, a fim de torná-lo mais consciente da realidade. Afinal, a educação precisa ser eficaz, enquanto formadora de cidadãos capazes de entender a realidade e interferir nela, e é exatamente por esse motivo o professor deve estar sempre atualizado para exercer sua função como formador de opinião, orientar o aluno, ser capaz de fazer com que este aprenda e entenda novas possibilidades além do seu conhecimento de mundo, ou seja, que o discente possa compreender que há outras realidades a serem absorvidas.


 


 

NOME:EUGENIO FREDERICO AUWERTER NETO

TURMA:6ºE

TURMA:3

 

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